A OMISSÃO DE UMA PÁTRIA À MERCÊ DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.


        A obra "Gabriela" da década de 50 do autor Jorge Amado, narra a história de um coronel que agredia sua esposa e termina por assassiná-la. Fora da ficção a obra representa simbolicamente uma face sombria do período de confinamento que fez com que as mulheres ficassem mais expostas a agressões físicas, sexuais, patrimoniais e psicológicas, é notório que a falta de reflexão do imaginário coletivo cristaliza a invisibilidade desta problemática, fazendo com que isso se torne um fardo e um retrocesso para a nossa sociedade moderna.         Em virtude disso, a Lei Maria da Penha foi sancionada há 15 anos para propor a garantia de políticas públicas de proteção à mulher sob todos os tipos de violência, todavia observa - se que o maior convívio das mulheres com seus cônjuges potencializaram conflitos pré - existentes no seio familiar, evidenciando que o machismo ainda permanece enraizado no perfil brasileiro e a limitação prática dessa lei.
      Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), os casos de feminicídio cresceram 22,2% entre Março e Abril de 2020 em 12 estados do país, comparativamente ao ano passado, além disso no Rio Grande do Norte, a taxa de feminicídio coloca o estado na lista dos mais violentos do Brasil.
        Observa - se, outrossim que a população banaliza a problemática, alicerçando assim, o aumento do número de episódios de violência doméstica e feminicídio com a exigência do isolamento social em um quadro pandêmico. Recentemente a potiguar Maria Letícia da Costa, de 15 anos, foi morta a tiros no próprio quarto em Assú - RN no dia 27 de Junho de 2021 pelo marido que ainda ligou para a família dela para avisar do crime. "Segundo a família ele era muito ciumento e não queria que ela conversasse com ninguém, a família não descarta a possibilidade do crime ter sido cometido por motivo de ciúmes." Disse o Major Maximiliano Fernandes. "Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria", tal afirmação do personagem Brás Cubas, idealizado por Machado de Assis, nos traz a seguinte reflexão : "Que legado queremos deixar para a nossa nação?", pois se o panorama permanecer sem intervenção, os filhos de nossos filhos se lembrarão da nossa negligência e carregaremos um legado de culpa e sangue nas mãos.
        Mediante ao exposto, percebe - se que a violência doméstica aprofunda - se na omissão social . Para combater esse empecilho é necessário que o Ministério da Mulher, Da Família e dos Direitos Humanos atue por meio de investimentos em palestras com profissionais capacitados, campanhas e fóruns de debate a partir de que os veículos de imprensa e as instituições educacionais executem projetos socioeducativos com a finalidade de promover e conduzir o corpo social à valorização e a proteção da figura da mulher . Ademais, o Ministério da Cidadania, juntamente com entidades esportivas devem propor a disponibilização de cursos públicos e gratuitos de defesa pessoal para o público feminino, com o intuito de garantir mais segurança às mulheres e a possibilidade de se defenderem em ocorrências urgentes e abusivas. A partir dessas medidas, a obra supracitada não mais representará o comportamento negligente e omisso da sociedade brasileira diante desse crime intolerável.

Produzido por:
Anna Clara de Oliveira Camara
Ana Raquel Pereira Galdino
Paula Kamily Castelo Branco da Silva
Alunas do 9° ano vespertino  FAC - Colégio e Curso
Orientação: Prof. Bruno Nascimento da Silva
Disciplina: Língua Portuguesa e Redação

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