A mansão está livre

        

        Uma sala iluminada pelo sol, pianos de madeira antiga, livros de diversas línguas e um anel de diamante, brilhando e jogado no esquecimento da mente de Alisson. A cada dia uma parte dela vai embora, como todos os dias Samuel sai pela porta dos fundos com grandes malas pesadas escondendo segredos.

        Alisson brilha enquanto cria suas partituras no piano, as pessoas batem palmas e dizem "Parabéns pela ótima canção", mas Samuel odeia, odeia as festas barulhentas e odeia principalmente ver Alisson fazendo sucesso.

        Samuel tirou os pianos da mansão, colocou fogo em todas as músicas de Alisson, e só restou sua memória, a única coisa que ele não conseguiu roubar. Queimar as músicas dela só a matou cada vez mais, e no dia do seu velório ele estava lá, mantendo as aparências, fingindo não ser culpado. 

        Caminhando pelas rochas, olhando o mar da meia-noite, ela assombra ele todos os dias no mesmo horário que ele saía com suas grandes malas pesadas cheias de partituras roubadas e ela sussurra em seus ouvidos "será que eu mereci, querido, todo o inferno que você me fez passar? Porque eu te amei, juro que te amei até o dia que você me matou."

        Cinquenta anos é um longo tempo e finalmente a mansão está livre do ciclo vicioso de mulheres brilhantes que juraram o amor eterno a homens invejosos.


Autor(a): Mikely Karla Gomes Maia

Aluna do 9º ano "A" do Fac colégio e curso

Professor: Bruno Nascimento

       
       

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